Lacan em TerraDois: reprodução assistida, desejo e subjetividade
Pousada do Quilombo – SÃO BENTO DO SAPUCAÍ – 6 a 8 de dezembro
Lebres. Férteis por natureza, não necessitam da medicina para se reproduzir. Copulam, gestam e põem sua cria no mundo com facilidade invejável. Já nós, seres humanos…
Dentro da perspectiva da psicanálise, De Freud a Lacan, sendo sujeitos da civilização, somos desde o berço confrontados com as delícias e os incômodos da sexualidade. Precisamos do outro para ter proteção, carinho, amor, para construirmos uma existência. E para dar à luz aos nossos filhos atravessamos as dificuldades de uma vida marcada pela cultura.
Muito cedo, as crianças se deparam com a questão “De onde vêm os bebês?” Esse enigma está ganhando, hoje, na pós-modernidade, ou em Terra Dois, para utilizarmos o termo cunhado por Jorge Forbes, novos ares de estranheza. Se antes da revolução sexual dos anos 60 e 70 do século XX a questão era respondida por pais incomodados pela curiosidade infantil com a estória da cegonha ou do exemplo “ideal” da reprodução das lebres, hoje, com o avanço da medicina e da popularização da reprodução assistida, a simples pergunta não é menos difícil de responder.
No século XXI, um bebê é capaz de surgir do laboratório de uma clínica de fertilização humana. Como o bebê é “fabricado”? Quem é seu pai? O doador de esperma? O médico? O biólogo? Ou o “cara que cria”? Que confusão! A sexualidade, como nos tempos da cegonha que trazia o bebê pescado do pântano, está longe da questão da gravidez e do nascimento.
E a mãe? Quem é? A dona da barriga de aluguel? Ou a mulher que dá afeto e educação? E, para complicar, as novas possibilidades de configurações familiares monoparentais, biparentais, pluriparentais, hetero e homossexuais só aumentam a complexidade da resposta e a perplexidade diante da situação.
Se na família tradicional, composta por pai, mãe e filhos, que concebeu seus bebês digamos “com o método natural”, a criança tem seus momentos em que desconfia que seja “adotada”, será que a notícia “você foi feito por inseminação artificial” não pode provocar uma crise existencial ainda maior? E, se “sou fruto de sexo entre papai e mamãe” já é difícil imaginar, o que dizer de “sou resultado de uma manipulação de um óvulo com espermas de um doador” pode ser mais estranho ainda. Por mais que a medicina avance, a sexualidade, o desejo, a concepção e a procriação restam enigmáticos. São sujeitos às incertezas que acompanham a vida humana.
Para a Conversação Clínica 2019 em São Bento do Sapucaí, o Instituto da Psicanálise Lacaniana – IPLA escolheu o tema “Reprodução assistida, desejo e subjetividade”. Durante a jornada, os médicos e psicanalistas François Ansermet, da Universidade de Genebra, Jorge Forbes, doutor pela USP e presidente do Instituto da Psicanálise Lacaniana e Elizabeth Ormart, doutora em psicologia, da Universidade de Buenos Aires, conversarão com o público de psicanalistas praticantes e em formação, sobre o tema da reprodução assistida, da sexualidade e do amor em Terra Dois.
PROGRAMAÇÃO
6/12 – 6ª feira
17h00 – 18h00 – Café de Boas Vindas
18h00 – 19h00 – Conferência de Abertura – François Ansermet
19h00 – 19h45 – Comentários de Jorge Forbes e sessão de debates
21h00 – Jantar no hotel
7/12 – Sábado
10h00 – 11h00 – Conferência de Elizabeth B. Ormart – Corpos e famílias transformadas pelas técnicas de reprodução assistida
11h00 – 11h45 – Comentários de François Ansermet e sessão de debates
11h45 – 12h00 – Foto Oficial Conversação 2019
12h00 – 15h00 – Almoço no hotel
15h00 – 16h30 –Apresentação trabalhos dos alunos
16h30 – 17h00 – Café
17h00 – 18h00 – Apresentação trabalhos dos alunos
20h30 – Jantar festivo no hotel
8/12 – Domingo
10h00 – 11h00 – Conferência de Encerramento – François Ansermet
11h00 – 11h45 – Sessão de debates
11h15 – 12h – Conclusões com Jorge Forbes.