A CLÍNICA PSICANALÍTICA DE TERRADOIS
IPLA – SÃO PAULO – 8 e 9 de dezembro
TERRADOIS é igual à TERRAUM, geograficamente, e seus habitantes são muito parecidos. Só. A partir daí, tudo muda. Do nascimento à morte, passando por todas as etapas da vida: educar, estudar, amar, casar, trabalhar, procriar, profissionalizar, divertir, aposentar, tudo é radicalmente diferente.
Vejamos:
1. Nascer. Selecionamos embriões – e nem sempre os “melhores”. Pais anões selecionam anões. Surdos selecionam surdos. A maioria, no entanto, escolhe os mais bonitos e inteligentes. Caminhamos, talvez, para uma eugenia? A seleção natural darwiniana está sendo contestada?
2. Educar. A escola perdeu o bonde da história. Professores se desesperam com o desinteresse dos alunos em aprender conforme os métodos disciplinares e hierárquicos. A geração Google não entende o decorar e o repetir. Crise geral.
3. Amar. Surge um “novo amor”. Não se ama mais em “nome de”: filhos, herança, tradição, religião etc. Se uma pessoa está com outra é porque quer, mesmo que reclame. O “novo amor” é a nova transcendência humanista.
4. Sexo. É determinação biológica ou escolha? Todas as formas de amor são possíveis e valem a pena? Esses debates ocupam como nunca dantes a cena social.
5. Casar. Há mais divórcios que antes, na medida em que não se fica junto por qualquer tipo de suposta obrigação. Por outro lado, se é mais responsável no amor.
6. Trabalhar. O trabalho passa a ser associado diretamente à vida da pessoa. Não é mais um local onde se ganha dinheiro, para gastá-lo no que importa. O trabalho em si tem que importar. É impressionante o número de jovens que não se interessam por planos de carreira baseados no ganho certo e na segurança da estabilidade.
Empresas deverão ser editoras de cultura, mais do que simples patrocinadoras.
7. Procriar. Muitas mulheres estão congelando óvulos sadios para melhor escolherem o momento de engravidar. Ao mesmo tempo, jovens casais querem ter logo filhos para que esses tenham pais moços. Como em tudo, não há regra.
8. Profissionalizar. Quase todas as pessoas terão duas ou três profissões diferentes.
9. Divertir. O entretenimento deverá se articular com a cultura.
10. Aposentar. Não haverá mecanismos de seguridade social que suportem uma população que aumentou em 30% a expectativa de vida e que continua aumentando. O pai não será mais o provedor e o sábio. Filhos e Pais entrarão em crise de identidade.
11. Morrer. Hoje podemos mais do que desejamos. Esse aspecto fica muito evidente na definição da hora da morte. O que era “morte natural” passou a ser morte escolhida, uma vez que a tecnologia prolonga em muito a vida mecânica.
Essas mudanças têm sido tratadas com velhos remédios, por falta de algo melhor. São necessários novos conceitos e práticas para legitimar TERRADOIS. Nossos mapas envelheceram, com eles nossa clínica, e, no entanto, continuamos a navegar por eles. Temos naufragado repetidamente. Basta ver os crimes inusitados de filhos matando pais e vice-versa, a atual ao epidemia de tóxicos, o aumento da bulimia e da anorexia, das peles escarificadas, de pessoas deletando pessoas, o desajuste da representação política, as crises de governança e de posicionamento das empresas etc, etc.
Se não formos capazes de habitar TERRADOIS, veremos continuar crescendo as soluções para trás, reacionárias, dos livros de “autoajuda”, no plano laico, e das novas igrejas, no plano espiritual, exibindo exorcismos nas madrugadas televisivas.
Necessitamos de uma clínica psicanalítica que mostre, elucide, convide à fantástica experiência de estabelecer novas formas de viver e se relacionar, tanto no nível do indivíduo, como das instituições. TERRADOIS não pode continuar sendo vista como uma terrível ameaça, mas ao contrário, enorme chance para a humanidade se reinventar.
Jorge Forbes
PROGRAMAÇÃO
A Conversação Clínica do IPLA 2017 visa colocar em discussão o marco psicanalítico que TerraDois representa, quanto a seu conteúdo, sua forma de transmissão e teledramaturgia, a partir do estudo dos episódios produzidos pela TV Cultura.
8/12 – 6ª feira
19h00 – Coquetel
20h00 – Abertura por Jorge Forbes
20:30 – A Cultura e os artistas interpretam Terradois – Bete Coelho, Mika Lins, Ricardo Elias, Enéas Carlos Pereira e Jorge Forbes
9/12 – Sábado
Os psicanalistas interpretam TerraDois e debatem com a equipe da TV Cultura
9h00 – Café de bom dia
10h00 – Mesa 1: O chefe que virou chef
Grupo Fundamental 1: Clovis Pinto de Castro, Edwin Koterba, Gislaine Romão Batista, Maria do Carmo F. Branco, Silvia Marques, Renatta Giongo Ming
Tutores: Elza Macedo e Teresa Genesini
Comentários: Helainy Andrade e Tatiana Valladares
11h00 – Mesa 2: Versão do amor
Grupo Fundamental 2: Felipe de Souza Simil, Márcia M. Venâncio Silva, Marlene Cardoso, Raquel de Freitas Poli, Renata de Melo Felipe da Silva
Tutor: Dorothee Rüdiger
Comentários: Dagmar S. Pinto de Castro e Elisa Padovan
12h00 -15h00 – Almoço
15h00 – Mesa 3: Multitarefas
Grupo Fundamental 3: César Nogueira, Glauco De Vita, Katia Calegari, Luciana Celani, Paulo Afonso Ronca, Sheila de Feba, Wilza Medeiros
Tutores: Liége Lise e Alain Mouzat
Comentários: Ariel Bogochvol e Marina Soubhia
16h00 – Mesa 4: Evelhescência
Grupo Intermediário e Clínica-escola: Anna Carmagnani, Antonio Marcos Pereira Della Gatta, Débora C. M. Baghin Spinelli, Heloina Araujo de Langlais, Hugo Vieira, Lilian Cristina Costa Matos, Natália Sardenberg
Tutor: Liége Lise
Comentários: Alain Mouzat e Daniela Gatto
17h00 – Late break News e Encerramento
21h00 – Jantar com roda de samba