A angústia é aquilo que não engana.
Jacques Lacan
A angústia é um afeto (Lacan). Um acontecimento repentino na vida da pessoa pode afetá-la e levá-la a se angustiar: o casamento de um filho, uma doença ou morte de uma pessoa querida, fazer a viagem dos sonhos, ganhar na loteria, e por aí vai.
Lacan dedica o seu Seminário de 1962-1963 à angústia. Toma a experiência analítica como referência essencial. Como afeto, a angústia distingue-se dos sentimentos por não mentir, enquanto quem sente, mente (senti ment), “a angústia é isto que não engana”. Tem valor de verdade.
“A angústia não é passível de descrição, ela escapa à representação e só podemos relatá-la, uma a uma, pois ela não se desprende do particular.”
O conceito de Freud sobre o desconhecimento que temos do íntimo de nós mesmos, o estranho – Unheimlich – é um elemento importante a se considerar quando se aborda a questão da angústia. Ele aparece no lugar da falta, indicando que a falta falta. É aí que acontece a angústia. A psicanálise vê nela um indicador da proximidade do sujeito com a causa de seu desejo. E por isso não a elimina, mas a engendra.
Dado a angústia ser um afeto, o corpo é afetado, o que leva Lacan a dizer que “a angústia é a verdade da sexualidade.” A angústia lacaniana não é paralisante, mas produtora. Como afirma Miller, produz o objeto-causa. É o motor da análise e cabe ao analista manejar sua rotação. “O analista é um radar de angústia” (Forbes). No Seminário 10, Lacan alerta os psicanalistas: “Sentir o que o sujeito pode suportar de angústia os põe à prova a todo instante.” Este afeto é um parâmetro da direção do tratamento.
É interessante vermos a maneira como Lacan relê Freud sobre a relação do objeto e da angústia, considerando que esta se dá pela presença do objeto, o objeto a, causa do desejo.
Lacan propõe um tratamento ético à angústia e não de saúde mental. Não leva em conta fases do desenvolvimento e nem aspectos morais, valorizando a responsabilidade do sujeito.
O Seminário 10 de Lacan mantém sua atualidade em relação ao desbussolamento do homem contemporâneo, pois, como temos visto, viver no mundo globalizado é saber viver com a angústia.
PROGRAMA
Recepção: Café com bolo IPLA | Acesso à sala virtual
9h00 – 9h30
Apresentação do tema por Elza Macedo
9:30 –10:00
1ª. aula: A causa do desejo – Liége Lise
10:00 – 11:00
“Angústia como aquilo que não engana.” “A angústia não é sem objeto.” Objeto a. O objeto está atrás do desejo. Real. O obsessivo sustenta seu desejo como impossibilidade. A transferência. O desejo do analista.
2ª. aula: As cinco formas do objeto causa do desejo, objeto a – Helainy Andrade
11:00 – 12:00
Objeto a – a angústia é sua tradução subjetiva. Objeto oral. Objeto anal. Objeto fálico. Objeto escópico. Objeto voz e o ressoar.
Pausa: Café com bolo IPLA
12:00 – 12:30
3ª. aula: A angústia entre o gozo e o desejo – Liége Lise e Teresa Genesini
12:30 – 13:30
Caso Clínico
A angústia, sinal do real. “No trabalho da análise, ao não se dividir a angústia, ao não se participar analista e analisando da mesma angústia, o que se faz é pôr a angústia a trabalhar. Isso esclarece a definição lacaniana, que análise é o tratamento do Real pelo Simbólico.” (Jorge Forbes)
Sábados no IPLA
A ANGÚSTIA
Chaves de Leitura para o Seminário 10 de Jacques Lacan
Data: 19 de agosto de 2023
Horário: 9h00 – 14h00
Local: IPLA, Alameda Campinas, 1063 – São Paulo & Sala virtual do IPLA
Ingressos presenciais: R$ 280,00* (vagas limitadas)
Ingressos sala virtual zoom: R$ 250,00*
*Alunos do Corpo de Formação do IPLA, IPLA/Manole e IPLA/FAAP têm desconto.
Coordenação: Elza Macedo
Contato: comunicacao@ipla.com.br