A Primeira Clínica de Jacques Lacan
A clínica do significante
Distinguem-se, no percurso de Jacques Lacan, duas clínicas com fundamentos, manejos e orientações diferentes que estabelecem, entre si, relações complexas. A segunda clínica não anula a primeira clínica. A incorpora e avança. É fundamental o conhecimento da primeira clínica como base da compreensão da segunda.
Neste curso, nos dedicaremos à primeira clínica de Lacan, caracterizada como clínica estrutural, clínica do sujeito, clínica edípica, clínica do desejo, clínica do significante. Esta clínica, sob a primazia do simbólico, respondia a um mundo com orientação vertical, voltada ao pai. Lacan sistematizou a direção do tratamento apoiando-se na obra de Freud, especialmente em A interpretação dos sonhos, e na linguística de Saussure.
Esta clínica vai desde o início do ensino de Lacan, década de 50, até finais dos anos 60. O foco é a relação da pessoa com a ficção que ela sustenta de si mesma, sua fantasia, na sua relação com o Outro. A função do analista é irromper nessa ficção levando a pessoa a se reposicionar. Dirige-se à “travessia da fantasia”, em vista da singularidade do sujeito.
Lacan considerava na primeira clínica o diagnóstico psicanalítico segundo estruturas baseadas na “pai-orientação”. Assim, as estruturas – neurose, psicose e perversão – se ordenam em torno da metáfora paterna.
Qual o interesse em revermos a primeira clínica? É nela que Lacan interpreta o Complexo de Édipo como estrutura, permitindo nova leitura das estruturas clínicas. É na primeira clínica que Lacan propõe que o inconsciente é estruturado como uma linguagem. Retira o tratamento da relação interpessoal. Também considera que a contratransferência, com base no “eu sinto que você…”, não é um instrumento para o analista. Lacan não admitiu que a clínica se transformasse em tratamento adaptativo, nem genérico e procedeu a uma revisão da ética.
São temas a serem analisados neste Sábado no IPLA A Primeira Clínica de Jacques Lacan.
Programa
9h – 9h30 Café com bolo IPLA
9h30 – 10h30 Aula 1 – O inconsciente estruturado como uma linguagem – Alain Mouzat
O inconsciente freudiano e o inconsciente lacaniano. Outra cena. Primazia do simbólico. Metáfora e metonímia. Desejo. As palavras sabem se organizar. A linguagem, condição do inconsciente. Alienação / Separação. Clínica do significante. Exemplo clínico.
10h30 – 11h30 Aula 2 – A direção do tratamento – Dorothee Rüdiger
Entrada em análise. Retificação subjetiva. O sentido dos sintomas. Clínica sob transferência. O sujeito suposto saber. “É preciso tomar o desejo ao pé da letra.” O analista além do “sinto que você…” Crítica à contratransferência. Desbastamento das identificações. Travessia da fantasia, final de análise. Exemplo clínico.
11h30 – 12h00 Café com bolo IPLA
12h00 – 13h00 Aula 3 – Classificação estrutural – neurose, psicose e perversão – Ariel Bogochvol
Psicopatologia. Classificação – neurose (recalque), psicose (forclusão) e perversão (recusa). O Nome-do-Pai e a metáfora paterna. Castração. A estrutura edípica. Identificação. O sintoma analítico. Neologismos. Prognóstico. Exemplo clínico.
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