A antropologia de Jacques Lacan 13/09/2025

Este curso oferece um percurso sobre o diálogo e intercambio que Lacan estabeleceu com a antropologia ao longo do seu ensino, tanto epistemológica quanto teoricamente. Vamos abordar quatro pontos fundamentais no encontro: o questionamento da natureza humana; os fundamentos “significantes” da psicanálise; sua formalização; e sua demarcação cientifica.

Frequentemente se fala que Freud se serviu das ciências da sua época – como a física– do mesmo jeito que Lacan se serviu das ciências da sua –linguística, filosofia, antropologia. Ligar a psicanálise mais às ciências “humanas”, e menos às “naturais” respondeu a um projeto de Lacan.

Ao longo do ensino de Lacan, a antropologia foi um interlocutor permanente, que esteve presente nos momentos mais importantes da sua reinvenção da psicanálise. As referencias à antropologia aparecem desde os seus escritos pré-psicanalíticos, até seu ensino na década de 1970. O uso da antropologia nas elaborações lacanianas pode ser destacado em três formas: na releitura da teoria freudiana; na demarcação cientifica da psicanálise; e na sua formalização.

Este curso será dirigido a todos interessados pela psicanálise, e terá três objetivos centrais:

(I) Oferecer um guia de leitura sobre temas e conceitos antropológicos que Lacan utilizou, e que normalmente são lidos superficialmente, sem aprofundar e até mesmo trazendo maiores confusões ao leitor.

(II) Realizar um percurso epistemológico-conceitual sobre o lugar e estatuto da psicanálise no campo da ciência, mesmo sobre os (des)encontros e trocas entre a psicanálise e outras disciplinas.


(III) Pensar os recursos que a antropologia atual (após Lévi-Strauss e o estruturalismo) pode oferecer à psicanálise hoje

Curadoria: Jorge Forbes
Ministrado por: Rogelio Scott


Sábados, 13 e 20 de setembro, das 09h00 às 13h00
Curso Online ao vivo transmitido pelo Zoom
Aluno-IPLA: R$ 360,00 (parcelável em 2x) – inscrições na secretaria do IPLA
Valor Público Geral: R$ 599,00 – inscrições no Sympla

Sobre o professor:

Rogelio está atualmente terminando o seu doutorado em Antropologia na universidade de Cornell nos EUA sobre as articulações entre psicanálise e medicina genética. Sua pesquisa se debruça, principalmente, na Clínica de Psicanálise do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco (USP), criada e dirigida por Jorge Forbes. Se formou em psicologia clínica em Arequipa, Peru e fez mestrado em antropologia médica na Espanha. Também fez o programa regular de Teoria Psicanalítica no Instituto do Campo Freudiano de Lima (Peru), e estudou por 2 anos no Instituto da Psicanálise Lacaniana – IPLA (Brasil).


PROGRAMAÇÃO

Dia 01 | Sábado, 13/09

AULA 1 | O FIM DA NATUREZA HUMANA
9h00 – 10h45

O surgimento da antropologia e da psicanálise significou uma interrogação da própria ideia de natureza humana. Este giro foi importante para abandonar modelos biologizantes, evolucionistas e energéticos, e reconduzir a psicanálise ao campo do subjetivo, do significante e da ordem simbólica.

10h45 – 11h15 Intervalo

AULA 2 | MAGIA, RELIGIÃO, CIÊNCIA… PSICANÁLISE
11h15 – 13h00
Para Lacan foi importante determinar que a cura psicanalítica não era a mesma da medicina, mas tampouco era a cura da religião ou da magia. Essa conceituação foi feita em diálogo com modelos antropológicos de eficácia e teorias da verdade.

Dia 02 | Sábado, 20/09

AULA 3 | (RE)ESCREVER O REAL
9h00 – 10h45
O estabelecimento dos quatro discursos respondeu ao projeto maior de formalizar a psicanálise através de uma tentativa de escrever o real. Para isso, Lacan se serviu de Lévi-Strauss e seu conceito de mitema para logo propor os seus matemas.

10h45 – 11h15 Intervalo

AULA 4 | O PROJETO DE UMA CIÊNCIA CONJETURAL
11h15 – 13h00
Para pensar a relação da psicanálise com a ciência era preciso reescrever a divisão tradicional entre ciências humanas e naturais. Lacan dividiu as ciências entre formais e conjeturais, para inscrever a psicanálise no segundo grupo, e utilizou a antropologia como exemplo de uma ciência conjetural que vai além do humano e da natureza.