Um Esforço de Poesia 12/09/2012

Por Carlos Genaro

Há uma evidente disjunção entre o querer e o desejar. Mas a coincidência não é menos problemática.

O Hai kai de Paulo Leminski o evidencia:

Muito romântico
meu ponto pacífico
fica no atlântico

o fim da análise o analisante é “chamado a renascer para saber se quer aquilo que deseja… É esse tipo de verdade que, com a invenção da psicanálise, Freud trouxe à luz.”

Ora, é “preciso pagar, sobretudo pelo resgate do desejo”, e assim uma nova ética se torna necessária, uma ética que não seja dos bens, do conforto.

A nova ética, não comporta o conforto pela excentricidade do ponto de onde se deseja e pela mesma excentricidade do objeto do desejo. Essa excentricidade leva a um além do inconsciente e implica o corpo. Este, o corpo, precisa entrar no jogo do desejo. É preciso operar com ele. O que implica em saber se desvencilhar dos entraves que o sentido coloca para o funcionamento do corpo.  O além do inconsciente é isso.

Para encerrar, um poema de Drummond:

Lição

Tarde, a vida me ensina
esta lição discreta:
a ode cristalina
é a que se faz sem poeta.