Entrevista de Jorge Forbes para a TV Câmara 12/09/2012

Por Teresa Genesini

Flashes jornalísticos da entrevista:

O homem desbussolado

Com essa provocação – o homem está desbussolado – Jorge Forbes introduziu o tema da globalização. Perdemos uma bússola que era estável, clara, de uma sociedade orientada, com padrões fixos, em que o futuro era uma projeção. Tão importante quanto a questão econômica na globalização é a identidade humana, ponto fundamental para Forbes. Trabalhar sempre na mesma empresa, por exemplo, não é mais um valor. Hoje as coisas não são mais determinadas e perdemos a sensação de segurança; tudo é posto em questão.

A globalização

Temos que reaprender a viver num mundo que é desconhecido e nos amedronta. A globalização não faz nada por si só, disse Forbes. Para uns, a globalização angustia; para outros, incita a invenção. Ela proporcionou um grande aumento das possibilidades para o homem através do advento do computador e da internet. O laço social humano passou de vertical para horizontal e a amizade, que é um laço horizontal, passou a ser de novo algo fundamental.

Monólogos articulados

As dificuldades desse novo mundo não podem ser tratadas com velhos remédios e os cientistas ainda buscam formas de fazer conexões em um laço social que não responde mais a um padrão. Em contraponto às velhas fórmulas, Jorge Forbes lembrou que os jovens criaram, com as festas rave e a música eletrônica, o que ele chama de monólogos articulados – uma forma de ficar junto sem se compreender. É impossível explicar porque estamos com alguém; hoje os casais ficam juntos apesar de e não por causa de.

Razão e afeto

Um dos aspectos negativos da globalização, salientado por Forbes, é a tentativa de controle que se instalou na sociedade. Um aspecto positivo  é que as organizações não são mais baseadas puramente numa razão ou num saber. Antes o saber era suficiente para sustentar uma decisão e hoje isso não acontece. A globalização exige uma mistura entre saber e afeto: há um limite a qualquer amostragem racional, a qualquer índice ou pesquisa; é necessário um balanço de razão com afeto e uma aposta.

Otimismo e aposta

Vivemos hoje uma época de renovação e de renascimento. Forbes afirmou que devemos ser mais otimistas que pessimistas, mas um otimismo que necessita de coragem, que não se acovarda frente à primeira angústia da liberdade. E concluiu com um recado: na globalização, vai se dar bem quem tiver coragem de apostar e suportar o risco.