Por Beatriz Frias
Sem ser pelo “dever”, tampouco pelo que seria o “certo e garantido”, fazer uma escolha é correr risco e responsabilizar-se
Nessa vida, não faltam conselheiros de plantão. Amparados nas “pesquisas mais recentes”, dizem que é necessário praticar atividades físicas com regularidade, seguir um padrão alimentar, trabalhar menos, ter mais contato com a natureza, dormir determinadas horas de sono, praticar sexo x vezes por semana, ufa!… Tudo isso sob a máxima de que é preciso ter qualidade de vida.
Qualidade de vida tornou-se quase que uma commodity. Como se todos quisessem exatamente a mesma coisa. Espera aí, o meu desejo não é o mesmo do meu vizinho! Logo, o que pode ter um imenso valor para ele pode, muitas vezes, não ter para mim. Acredito que mais do que essa tão divulgada “qualidade de vida”, podemos buscar uma vida qualificada, escolha pessoal e subjetiva, que vem ao encontro daquilo que muitas vezes não é possível se justificar pelo “saudavelmente” correto.
Como disse Jorge Forbes, em entrevista para o canal Minas Saúde, “Qualidade de vida é uma tentativa de dizer um bom para todos, como seria um bem viver para todas as pessoas. Eu diria, junto com o filósofo italiano Giorgio Agamben, que é fundamental substituir o termo ‘qualidade de vida’ por ‘vida qualificada’, no qual o substantivo não é mais ‘qualidade’, e sim a ‘vida’. Ou seja, uma vida qualificada está associada à responsabilidade de inventar uma satisfação pessoal e passá-la no mundo.”
Sair da tirania do “você tem que”, a exemplo: correr, participar de uma maratona, terminar o Ironman, pode ser experimentar a aventura de construir uma trilha singular. É uma perspectiva diferente de fazer o que está na moda. Pede ousadia e coragem, uma vez que isso vai implicar você diferenciar-se da massa. Sem ser pelo “dever”, tampouco pelo o que seria o “certo e garantido”, fazer uma escolha é correr risco e responsabilizar-se.
Qualificado para mim, portanto, é praticar uma atividade física com um prazer que me vivifica. É escolher o alimento saudável e realmente apreciá-lo. É tocar piano quando estou triste ou quando estou feliz. Escutar uma boa música (seja ela clássica, MPB ou rock). Assistir a um filme que “me prende”. Apreciar um vinho em boa companhia. Debruçar-me sobre um livro que me inspira, ou até mesmo viajar para um lugar diferente. E você, qual a sua escolha?
Beatriz Frias é administradora de empresas, amante do esporte, escreve como articulista na revista Arraso do Jornal de Piracicaba e publica em seu blog:www.beatrizfrias.com