Por Márcia Aguiar
Até nos jogos olímpicos há maus perdedores. A imprensa se divertiu com as justificativas deles, mas não poupou de críticas a atuação do público…
A vitória de Thiago Braz no salto com vara nessa segunda-feira deu o que falar.
A torcida extasiou-se com o jovem atleta brasileiro e vaiou o campeão mundial da modalidade. Derrotado, o francês criticou o “ambiente de merda” no estádio, chegando a comparar-se com Jesse Owens.
A imprensa também se divertiu: observações zombeteiras sobre as afirmações dos maus perdedores, que atribuem suas derrotas a bolas escorregadias, calções apertados, apupos, árbitros incompetentes e até macumba. Mas há uma quase unanimidade sobre a atitude do público no estádio olímpico: este deveria ter respeitado o campeão, ferido pelo inesperado salto do brasileiro e, em vez de vaiá-lo, deveria tê-lo apoiado, incensando-o em seu estatuto de campeão imbatível.
Será que deveria mesmo? Antes dos desestabilizadores 6.03 metros, o campeão parecia não precisar de ninguém. Do alto de seu recorde mundial, aparentava não dar bola a ambiente, a público, aos outros saltadores. A medalha estava ganha. Ninguém mais existia.
Campeões se destacam, se isolam. A eles cabe saber administrar seu estatuto de fora da massa, e ao torcedor cabe torcer.
Márcia Aguiar é Doutora em Letras, tradutora e professora de francês
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