Por Jorge Forbes
Com uma direção precisa e um enredo criativo e instigante, a série exibida pelo GNT aproxima os espectadores de uma sessão terapêutica. É um divã feito para acordar
“É assim mesmo uma sessão de análise?”. Essa pergunta vai ser muitas vezes repetida, com a exibição de “Sessão de Terapia”, na GNT. Essa série, que já fez muito sucesso em sua versão da HBO, deverá repetir o enorme interesse entre nós, desbancando a falsa ideia de que “não dá para levar coisa boa” na televisão, como se esse meio, a televisão, estivesse fadado a nos emburrecer, quando muito a promover emoções baratas.
As histórias, muito bem repartidas entre tipos humanos a não deixar ninguém indiferente – possibilitando identificações variadas – são as mesmas da série original, adaptadas para o contexto de São Paulo, Brasil.
“Sessão de Terapia”, respondendo à pergunta que não quer calar, não é igualzinha a uma sessão de análise, não, pois não se trata de mais um malfadado reality show. Nesse caso o que assistimos é dramaturgia, ou seja, quase um teatro filmado. Um bom teatro que, ao falsear a realidade, constrói paradoxalmente, em cada espectador, uma emoção próxima a uma sessão terapêutica. Ao vermos as singularidades das vidas relatadas, nos colocamos ora no lugar do paciente, ora no do terapeuta. Seja como for, em uma e em outra posição, é o espectador que está em questão. Isso o faz discutir com a pessoa que está assistindo junto o programa, isso o faz falar, e é assim que se começa uma análise: quando se resolve por em palavras todo o sentimento. “Sessão de Terapia” cumpre bem sua função. Os atores não poderiam ter sido mais bem selecionados, a direção, sensível e precisa, o texto, atual e instigante. É um divã feito para acordar.
“Artigo publicado na edição de outubro da revista Vogue”.