Por Sandra Hermoso
Dentre os objetivos do curso, o perfilamento do conceito da angústia, sua localização na obra freudo-lacaniana e sua articulação com a experiência clínica, foram contemplados.
O Instituto da Psicanálise Lacaniana – IPLA promoveu no dia 20 de agosto mais um de seus cursos dos Sábados no IPLA. Intitulado Chaves de leitura para o Seminário 10 A angústia, de Jacques Lacan, dedicou-se a reflexões acerca desse afeto fundamental e a visada que a psicanálise privilegia na clínica e na teoria, determinante para o entendimento do sintoma, a direção do tratamento e sua eficácia.
Foram cinco aulas que contribuíram para elucidar a forma singular como esse “afeto que não engana”, foi trabalhado por Sigmund Freud e os acréscimos e modificações de Jacques Lacan. Os objetivos do curso contemplaram o perfilamento do conceito da angústia, sua localização nas obras de Freud e de Lacan e sua articulação com a experiência clínica.
Cada aula articulava-se com o tema seguinte, fruto da lógica que perpassou a construção do programa. A aula de Elza Macedo contextualizou o Seminário 10 e a importância da angústia na clínica como via de acesso ao real, destacando a angústia do homem contemporâneo. O tema da aula de Alain Mouzat foi o objeto da angústia, ligado à condição do desejo, o objeto a, formulado por Lacan como o objeto causa do desejo. Dorothee Rüdiger abordou a angústia entre o gozo e o desejo e a psicanálise como ética do desejo. Dr. Ariel Bogochvol explanou sobre o objeto causa do desejo e os objetos pulsionais, especialmente a voz e o olhar. Finalizando, Teresa Genesini e Liége Lise apresentaram um caso clínico, Do cemitério para a vida, onde foram destacados os bisturis utilizados pelo analista: a consequência, a curiosidade, o chiste, o recurso à poesia e o equívoco. Destacaram a importância do manejo da angústia por parte do analista como condição para a consecução de uma análise, pois não se trata de curá-la, mas de transformá-la da vertente paralisante à saída criativa.
No entusiasmo de cada psicanalista, a afirmação de Lacan contida na página 68, ganhou mostras, “A angústia da qual temos que fornecer uma formulação aqui é uma angústia que responde a nós, uma angústia que provocamos, uma angústia com a qual, de vez em quando, temos uma relação determinante.”
Este Sábado no IPLA dedicado ao tema da angústia resultou em um diálogo com estilos diversos que, articulados, facilitou a leitura do Seminário 10, um dos marcos da obra de Lacan essencial para a experiência analítica.
Sandra Hermoso é psicóloga, superintendente de recursos humanos e membro do Curso de Formação do IPLA-SP.
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