Qual a concepção de sintoma, a partir de Freud? 16/06/2016

Por Lilian Cristina Costa Mattos

Texto apresentado no Curso Intermediário de Freud a Lacan, no IPLA –maio de 2016

Sintoma é um tema central na psicanálise e a concepção do psicanalista frente a ele determina sua prática clínica. Portanto, essa questão é de grande complexidade.

Sigmund Freud, ao observar os sintomas histéricos, percebeu que havia ali algo que apesar de afetar o corpo, subvertia sua fisiologia e anatomia. Inaugurou a ideia de que somos anatomizados pelas palavras. Elas nos recortam e fazem outro corpo que não o biológico. O que possibilitou que pela via da palavra, incidindo sobre sua dimensão libidinizante, a psicanálise tocasse esse corpo.   

Descobriu que esse sintoma era um “sinal substituto de uma satisfação pulsional recalcada”, ou seja, o resultado de um conflito de caráter sexual que buscou um modo de satisfação, de expressão.

O Sintoma para Freud, portanto é simbolizável, decifrável, interpretável. É uma formação de compromisso entre as forças recalcadas e recalcadoras. É um bom para todos…um acordo entre defesa e pulsão.

Concluo que, se no contexto histórico-social no qual Freud estava inserido, praticava sua clínica e elaborava as bases teóricas da psicanálise; as pessoas sofriam por ter que se adaptar a padrões de comportamento, a rigorosas regras morais; no mundo contemporâneo as pessoas gozam. Sentem-se “desbussoladas” pela quebra da orientação paterna.  Se antes era um gozo proibido, agora um gozo desbussolado. Em comum, os impasses humanos na lida com os modos de satisfação.

Diante do atual quadro de sintomas, Lacan vai além do Édipo e diz de um sinthoma, que é um resto irredutível, inanalisável, o que há de mais singular em cada sujeito. Aquilo com o qual cada um tem que lidar, suportar, inventar uma resposta e responsabilizar-se por inscrevê-la no mundo. 

Lilian Cristina Costa Mattos é Pedagoga e Membro do Corpo de Formação do IPLA.

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