Por Jorge Forbes
do livro “Da palavra ao gesto do analista”
A escrita deste livro foi uma necessidade, anos atrás. Ele é fruto de uma percepção clínica de que um novo período da psicanálise estava começando, mais próximo ao habitante de um novo mundo, o século XXI. Dei um nome que me pareceu sintetizar o que pretendia expor: “Da palavra ao gesto do analista”, ou, mais intimamente, “Da palavra ao gesto”. Tem movimento esse título, indica que uma coisa vem depois da outra. Algo fala, é a palavra; outro toca, é o gesto. Naquela época, este livro foi para mim uma forma de dividir com os colegas e com todos os interessados, minhas percepções das mudanças na clínica. Não existia – ao menos ao meu conhecimento – bibliografia sobre o que hoje chamamos Clínica do Real, ou segunda clínica de Lacan. Tomei o risco de contar. Era importante para que eu também compreendesse as mudanças na minha clínica pessoal.
O livro teve uma boa aceitação, mas por motivos vários acabou não sendo reeditado, até hoje. Confesso que comecei a ter um pequeno prazer em vê-lo ser transformado em uma espécie de objeto cult, só achável nos sebos e por um valor de cinco a oito vezes maior que um livro comparável. Eu mesmo comprei dois ou três, com algum esforço. Fiz corpo mole para reeditá-lo, fui vencido pela amável e competente insistência da Editora Manole, que soube ouvir os pedidos de alguma gente. Aqui está ele.
Não é muito diferente do original, salvo pela inclusão importante de um índice remissivo e de um onomástico, realizado por Elza Macedo, a quem registro o melhor agradecimento.
Reli, me deu vontade de mexer aqui e acolá, mas acabei me dizendo que não, que já mexiaqui e acolá em todos os artigos e livros que sucederam a este, e que este deveria manter o viço do tempo da descoberta de uma revolução clínica que o marcou, como também seu estilo oral, posto se tratar de um seminário estabelecido em texto.
Assim, caro leitor, atendendo a pedidos, como dizem os cantores, “Da palavra ao gesto” chega, de novo, a você.
São Paulo, outono de 2014