Elza Macedo
Do que gostei no texto de Lacan em resposta à pergunta de Marcel Ritter – publicado nas Lettres de L’École freudienne. 1976, n. 18. Journée des cartels. Strasbourg. Introdução às sessões de trabalho.
Trata-se de um texto que leva a pessoa a pôr de si. O final é uma bomba! Toca!
Tomei a afirmação “Se há mesmo algo que Freud torna evidente, é que do inconsciente resulta que o desejo do homem é o inferno e que é o único meio de compreender alguma coisa. É por isso que não há religião que não lhe dê o seu lugar. Não desejar o inferno é uma forma de Wiederstand, é a resistência.”
Especialmente, convoca o analista a estar alerta ao inferno que ele e cada analisando possam escolher como objeto. Você sofre para não sofrer? O inferno é o Real. Exemplo: A pessoa não desejar se curar de uma doença para não sofrer por algo da ordem do recalcado.
O desejo do Inferno seria um Unerkannte não reconhecido. Teria a ver com o inconsciente (o Unbewusste) e com o estranho (Unheimlich). Também com o impossível, é o Unmöglich. Unerkennung (não somente um não-reconhecimento, mas uma impossibilidade de conhecer o que diz respeito ao sexo. Teria a ver com estas 5 palavras.
A religião ameaça, a quem não segue os mandamentos de Deus, passar a eternidade no inferno. Nem por isso, todos os fiéis seguem os mandamentos. Desejam o inferno? Aí reside o gozo.
Hoje, muitos jovens declaram não quererem ter filhos. “Pra que viver neste mundo? É o próprio inferno!” Seria a negação do próprio desejo? Não querem saber do equilíbrio com o intangível? como propõe Jorge Forbes?
O texto se refere também ao furo, ao buraco, aos orifícios do corpo. Tema interessante na obra de Lacan.
Relação sexual – tudo o que é da ordem do sexual é deslocado.
Sado-masoquismo – dois débeis mentais Sade e Sacher Masoch. O desejo do homem é o inferno. A debilidade mental é um tema bastante trabalhado na obra de Lacan.
Este pot-pourri assinala os pontos que mais gostei no texto de Lacan em resposta a Marcel Ritter.