Por Alain Mouzat
Na avalanche de questões sobre a tragédia em Santa Maria, só o horror permanece. Para a dor de cada um, não há respostas Por que, meu Deus?
A tragédia da morte de mais de duzentos jovens na casa noturna de Santa Maria, no sábado passado, não deixa calar a pergunta. Endereçada a Deus, ou formulada para os homens, ela é a cobrança de justificativa para o sentimento de injustiça frente à perda de uma pessoa querida.
Encontramos na nossa demanda pela explicação da causa, pela nomeação da responsabilidade, pelo desejo de que justiça seja feita, uma forma de aplacar a angústia que surge da confrontação com o horror.
Essa demanda por explicações dirime a queixa de “vítima do destino” – há uma cadeia de fatos que levaram ao incidente, “poderia ter sido evitado” – e renova a esperança – a punição dos responsáveis trará mudanças, “isso não vai acontecer nunca mais”.
Como pode o bom Deus deixar acontecer o Mal? Como podem os homens ter deixado acontecer isso? Do lado de Deus, uma das respostas convoca os desígnios impenetráveis da vontade divina. Do lado dos homens, a lei determina as responsabilidades.
Mas permanece o horror – ainda mais dilacerante quando se trata da perda de um filho.
Para a dor de cada um, não há resposta.