Por Carla Almeida
A anatomia da vida humana, pelo viés da mulher adúltera, é o mote do novo livro de Luiz Felipe Pondé.
Amor ou ódio, quando se trata do filósofo Luiz Felipe Pondé, não há meio termo. Novas reações a respeito do pernambucano Luiz Felipe de Cerqueira e Silva Pondé surgirão em breve. É que chega às livrarias (da Folha e Cultura) A Filosofia da Adúltera – Ensaios Selvagens, livro que o autor dedica a “todos os infelizes do mundo”. Publicado pela Editora Leya, o livro tem lançamento previsto, em São Paulo, para início de outubro.
Luiz Felipe Pondé é autor de uma das colunas mais aplaudidas e criticadas na Ilustrada da Folha de S. Paulo (publicada às segundas-feiras). Com seu humor sarcástico e inteligente, provoca a todos (infelizes) que vivem imersos nas inúmeras causas politicamente corretas.
Nascido em Recife (1959), Pondé é filósofo, escritor e ensaísta. Começou a carreira na Medicina, graduando-se na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Cursou filosofia na Universidade de São Paulo (USP), onde também fez doutorado em parceria com a Universidade de Paris; e fez pós-doutorado na Universidade de Tel Aviv. Entre a Medicina e a Filosofia, mergulhou na Psicanálise, época em que conheceu Jorge Forbes, com quem estudou a obra de Jacques Lacan.
Pondé, neste seu novo livro, escreve “sob o espírito da adúltera. A mulher que representa a condição humana como escrava do desejo, que experimenta o tédio miserável da carne”. Com a alma imersa em Nelson Rodrigues, traz um misto de filosofia e jornalismo, escrevendo de forma livre e com as famosas repetições do próprio Nelson, para quem sem repetição não lembramos nada. Seus ensaios realizam um passeio delicioso com temáticas provocativas que passam pela morte, traição, desejo, vaidade, liberdade, pecado, amor e hipocrisia, com nenhum método, ou melhor, pensando livremente uma filosofia selvagem com a competência da academia.
A leitura do livro nos remete ao consultório de um psicanalista, onde convivemos com A Vida como Ela É… Nesse ambiente, há tantos palhares, adúlteras, engraçadinhas angustiadas com desejos que escorrem e se perdem. Vivem a passagem da morte compartilhando conosco suas alegrias e sofrimentos. São casos clínicos que, por correspondências, podem ser encontrados nos textos de Nelson Rodrigues e Pondé, como uma verdadeira anatomia da alma humana.
Eis aí uma leitura inevitável e provocativa. Para Pondé, “só uma filosofia selvagem se dá ao luxo de dizer a vida como ela é”. Rodrigueanamente falando, o livro É Batata!!!
Carla Almeida é bacharel em Direito, especialista em Educação e mestranda pelo CeFHi – EPM-UNIFESP