Jorge Forbes, Elizabeth Ormart e François Ansermet

O Futuro da Psicanálise 12/12/2019

De 6 a 8 de dezembro de 2019, em São Bento do Sapucaí, ocorreu A Conversação Clínica 2019. Durante a jornada, o IPLA recebeu dois conferencistas convidados, o médico e psicanalista François Ansermet, da Universidade de Genebra, e Elizabeth Ormart, doutora em psicologia, da Universidade de Buenos Aires. Em entrevista eles compartilharam suas impressões sobre a Conversação e o trabalho do IPLA:

François Ansermet

Minha experiência é formidável, acho que aqui tem uma abertura e uma reflexão excepcionais. Parece-me um futuro para a psicanálise pensar a psicanálise dessa forma, numa época onde vemos muito, na Europa, e em diversos lugares, uma espécie de derrotismo a respeito da psicanálise. Aqui se sente, ao contrário, um entusiasmo. Penso que não é só porque estamos no Brasil, e que no Brasil há também uma vitalidade específica; mas é porque vocês têm um modo, nesta Conversação e neste lugar de reflexão, de pensar que a psicanálise deve se tornar consequente em relação às mudanças que acontecem no mundo. A cada momento a psicanálise se desenvolveu em interface, em afinidade, em alteridade, com outras áreas em diferentes situações, e que aí tem uma aposta feita na psicanálise, de poder se pensar para abordar as consequências, as mudanças do mundo contemporâneo, da situação pós-moderna. Talvez nem sempre estejamos aptos a entendê-la, e que se permanecermos num modelo voltado para o passado, teremos dificuldades, se permanecemos num visão nostálgica ou melancólica teremos dificuldades. Devemos nos voltar para o futuro. E aqui é uma psicanálise que é vista como um futuro, um futuro para a psicanálise, mas também um futuro para a sociedade. E talvez a relação com a ciência é particular no que eu vivi, nessa travessia com vocês. Isto é, dá para ver que, através dos desenvolvimentos da ciência, criam-se novas tecnologias e novos dispositivos:  há um mundo que está se inventando. Um mundo se inventa por exemplo com as reproduções assistidas, com o gênero; estamos numa situação onde o mundo que se inventa é feito de disrupções, disrupções na origem, no gênero, na filiação. Pra mim, o trabalho que fizemos é de participar a inventar o mundo que está se inventando. E isso acho importante:  temos que inventar o que está mudando. E essa via está presente no que está sendo feito aqui.

(transcrição e tradução de Alain Mouzat)

Elizabeth Ormart

Na verdade, foi uma experiência muito interessante. Pude colocar em dia ideias e pensamentos que vinha refletindo há tempos, além de novas questões, como o conceito de mal-entendido, que foi se decantando durante as jornadas, assim como a questão de como pensar esse novo paradigma que é TerraDois. Tudo isso fez com que pudéssemos pensar questões vinculadas às técnicas de reprodução, mas também como elas levam a predições do futuro e que papel tem o psicanalista nessa transformação, nessa mutação, para que a psicanálise seja uma referência importante para a ciência e que possam estar dialogando sempre.

(transcrição e tradução de Teresa Genesini)

Fotografia: Celia Santos

Abaixo estão os vídeos das entrevistas nos idiomas originais: