Não tem volta 14/02/2013

Por Claudia Riolfi

Logo após o Carnaval, atriz se prepara para lançar um “hímen descartável”. Acessórios moralistas podem até ser engraçados, mas não têm nada a ver com amor

Digamos que um namorado apaixonado invista, em média, quase mil reais para curtir a vida na capital de São Paulo: uns 300 reais para o jantar, uns 400 para o motel, 200 para o vinho, e por aí vai… O que custaria a sua acompanhante, para corresponder à gentileza, gastar míseros 30 reais para presentear o parceiro com uma dádiva de amor? Este parece ser o raciocínio da “atriz” Angela Bismarchi que, após 42 plásticas, se propôs a vender, por este preço, um “hímen descartável”.  Molhadinho e tão falso como a uma nota de 30 reais, o referido “hímen” se presta, nas palavras da moça, “a ajudar quem deu a virgindade para quem não merece” a corrigir o seu engano.
Reflitamos. Será que, no amor, é necessário corrigir o passado? E, mesmo que fosse, seria assim tão fácil? Ô coisa boa: todo mundo virou macho e, “lavou, tá novo”. Quanta babaquice! Existe uma distância entre a famosa “verdade mentirosa” de Jacques Lacan (a versão de si próprio que cabe a cada qual inventar e colocar no mundo) e a utilização de gadgets cuja principal função parece ser a de enriquecer o inventor.
Quem se inventa precisa criar, digamos, um pacote todo, não só um pedacinho. Perseguindo esta hipótese, perguntei a alguns senhores, todos maiores de 30, casados, e com formação universitária, o que achariam se sua parceira aparecesse em casa com o brinquedinho. Em especial, eu queria saber se eles, por acaso, se sentiriam mais amados com a oferenda. Sua negativa não surpreendeu, mas a forma divertiu. Adorei!

Homem 1: Opa! Se minha mulher comprar vários e levá-los na bolsa quando formos ao motel, posso satisfazer minha fantasia de deflorar um serralho…
Homem 2: O que é hímen mesmo? Eu não lembro para o que serve isso…
Homem 3: De plástico? Cruz-credo. Já pensou se faz barulho ao estourar?
Homem 4: Só o que me faltava era arranjar virgem falsa. Já me basta a verdadeira…

Cada um que compre o brinquedo que quiser, mas que não se engane. Quando se trata de amor, não estamos no campo do comércio. Amar não tem nada a ver com objetos produzidos em série e adquiridos no “oba-oba”. A graça do presente que se ganha do amado não está no mimo em si, mas no gesto da escolha, que o torna único. Uma vez feito, não tem volta.