Por Carla Almeida

Mulher, marido e plano B – as pesquisas dizem que….

Pesquisa afirma que toda mulher tem “plano B” em forma de homem. Será?

Uma pesquisa realizada com mil mulheres, que ganhou as páginas dos tabloides ingleses como o The Mirror, afirma que todas as mulheres têm um plano B em forma de homem! O que? E mais: pondera que as casadas são ainda mais propensas a esse tipo de estratégia.

Quem é “plano B”? A pesquisa aponta três perfis. O primeiro é o “velho amigo paciente”, conhecido há mais de sete anos. Vale amigo mesmo, ex-namorado, ex-marido, colega da repartição ou da academia. O segundo é homem que ficou esperando um “negócio inacabado” no passado. “Largo tudo por você” é o mote desse perfil. Normalmente, a mulher nutre por ele e pelo marido o mesmo sentimento. O terceiro tipo costuma ser um “terceiro elemento” conhecido do casal, por exemplo, um amigo do marido. Cerca da metade das mulheres disseram que o parceiro está ciente do “terceiro elemento” e que até fazem piada a respeito do assunto.

Um porta-voz da empresa de pesquisa de mercado OnePool.com mostrou-se muito preocupado com a repercussão dos resultados. Recomendou aos homens “comprometidos” para pegarem o rumo de casa para tirar “o atraso” de suas respectivas mulheres ao invés de irem ao “pub” com os amigos. Será que todo homem deveria fazer isso para evitar o “plano B”?

O que temos na base desta recomendação é o moralismo gritando aos quatro cantos. Não é porque uma pesquisa de mil mulheres em Londres aponte 50%, que realmente todos do mundo tenham que acreditar que “todas” as mulheres tenham um “plano B”! Quando se trata de mulher, não se pode generalizar. Somos singulares, seres únicos. Igualar a todas, como faz a pesquisa, seria assumir viver em um mundo prêt-à-porter.

Há alguma vantagem nisso? Não para a clínica psicanalítica: casais são diferentes, cada um com o seu modus operandi de viver, de amar, de trair, de ser feliz ou infeliz. A psicanálise escuta o singular de cada um. Em nossos consultórios, aparecem os mais diversos tipos. Casos e casais. O “plano B” seria, necessariamente, alarmante?

Aquele velho ditado que diz: “Quem não dá assistência perde a concorrência” diz de algo que nunca, entre um casal, poderá ser a fonte da eterna felicidade ̸ fidelidade. Afinal, como diria Nelson Rodrigues, Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo…

Existem casais que se alimentam da tríade: marido ou mulher e amante. Por exemplo, um homem precisa estar com uma mulher para sentir a falta da outra e vice-versa. O mesmo ocorre com mulheres que se atentam ao “plano B” para sustentarem seus casamentos, muitas vezes fracassados sem esse recurso.

Freud não explica e Lacan não resolve. Quando se trata de amor e de sexo, não podemos nos satisfazer completamente. Nunca! Resta a cada qual encontrar sua solução e trancá-la a sete chaves. Com relação ao segredo de ser feliz, Nelson Rodrigues já diziaː “O casamento de amor devia ter o sigilo do adultério. Nada de proclamas. Ninguém devia saber, jamais”.

Carla Almeida é Psicanalista, Bacharel em Direito, Especialista em Educação, Mestranda pela EPM-UNIFESP e Membro do Corpo de Formação do IPLA.