Moças, chega de bancar o macho! 25/09/2012

Por Claudia Riolfi

Carreira, amor ou maternidade? Seja esperta e fique com os três. Ao tentarem se satisfazer com apenas uma dessas opções, as garotas tornam-se mais homens do que mulheres

“Eu tento (namorar). Mas é muito difícil. Eu peço a receita para quem consegue trabalhar, cuidar dos filhos e ainda ter tempo de amar.” Assim pediu Glória Maria, jornalista, na edição de 1/8/2012, da revista IstoÉ Gente. Como a Clínica do Real poderia deixar de atender a eterna apresentadora do Fantástico? ? Sabemos, sim, o modo de preparo deste acepipe: basta se curar da síndrome que leva uma mulher a querer bancar o macho.

Como funciona essa síndrome? Por exclusão. Suas portadoras pensam que, na vida, é tudo uma questão de “ou”. Até parece que tiveram que engolir à força a tão famosa quanto aborrecida “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles, que afirma: “Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva!” Como elas se iludem que, ao optar, podem ficar com uma das escolhas por inteiro, acabam se arrastando de insatisfação em insatisfação.

Mulheres que acreditam na possibilidade de um prazer completo (por exemplo, o de uma carreira brilhante, sem nenhum arranhão) se veem presas em uma escolha falaciosa. Acabam abdicando de incomensuráveis porções de prazer feminino. Ao tentarem ficar em um só quadrado, como se fossem peões de rodeio sobre touro bravo, são mais homens do que mulheres. Agem como se vivessem seu prazer concentrado em uma parte do corpo. É como se privilegiassem o prazer do pênis, que, para nossa alegria, é bom enquanto dura.

O que é isso, meninas? Que desperdício de matéria prima! De que adianta ser dona de um corpo de mulher se ele é habitado por pessoas que pensam que o pobre veio quebrado de fábrica?

Olhemos outro modelo de mulher. No mesmo dia em que Glória reclamava, a ciclista americana Kristin Armstrong sustentou frente às câmeras um sorriso de puro encantamento quando seu filho pequeno atrapalhava o caminho para o pódio. Tão logo pôde, dividiu com ele o merecido ouro por se sagrar bicampeã olímpica na prova de ciclismo contrarrelógio. Como se não bastasse, interrogada por um repórter de plantão, deu ainda mais provas de não ser portadora da síndrome de Glória Maria. Disse algo como: ganhei esta medalha para meu filho ter mais um objeto com o qual brincar.

Brava, Kristin! Você percebeu que, na vida, os inevitáveis “ou” são de outro tipo. Não importa a escolha: sempre se perde parte de alguma coisa. Conselho de amiga: pegue partes de tudo o que pode. Embaralhe e misture o máximo possível. Case com os colegas, trabalhe com os filhos, divirta-se com as conquistas e, acima de tudo, aprenda a rir de seus fracassos. Seja lá qual forem as suas escolhas, nada, em hipótese alguma, será igual aos seus ideais.