Por Letícia Genesini
O IPLA, Instituto da Psicanálise Lacaniana, foi convidado para a curadoria de conteúdo e mediação do evento Mit Mulher, realizado dia 17 de Outubro, em homenagem ao Outubro Rosa, no espaço MitPoint do Shopping JK Iguatemi – São Paulo. A proposta: uma conversa sobre a mulher contemporânea. Assim relembramos a frase que cruzou não só a história da psicanálise e da filosofia, mas que foi para Freud sua pergunta ainda não respondida: “Afinal, o que querem as mulheres?”.
À luz deste tema, a psicanalista do IPLA Dorothee Rüdiger proferiu a conferência de abertura, que antecedeu a conversa, mediada pela jornalista Gisele Vitória, nesse evento que reuniu mulheres de diversas profissões, da medicina à dança. Estes foram alguns dos pontos destacados em sua fala:
“Afinal, o que querem as mulheres?”
Foi no final do século XIX que uma paciente, conhecida como Anna O., procurou o médico vienense Josef Breuer (amigo e colega do jovem Sigmund Freud). Quando Breuer iria passar uma receita para suas queixas, ela diz “eu quero falar”. Com uma mulher que queria falar, e um médico que lhe prestou ouvidos, assim nasceu a psicanálise.
Freud, a partir de então, dedica a sua vida a cuidar do Mal-Estar na Civilização através da psicanálise. Mesmo havendo tratado de muitas mulheres, ele termina sua vida dizendo que não conseguiu responder à pergunta: “Afinal, o que querem as mulheres?”
Essa pergunta, não é apenas de Freud. Ela aparece em toda história da civilização, da mitologia grega, passando por Kant, sempre não respondida. A mulher escapa do conhecimento da ciência. Jorge Forbes ilustra essa questão em seu livro “Você quer o que deseja” com a cena de uma festa: homens estão todos uniformizados de ternos, com poucas variações de estilo e de cor, enquanto para uma mulher seria uma vergonha se deparar com outra mulher usando o mesmo vestido.
A mulher não quer seguir um padrão. Não há um genérico de mulher, e não há receita para ser mulher. É uma a uma. Por isso Lacan reformula a pergunta — não é “O que querem AS mulheres?”, mas “O que quer UMA mulher?”.
Não buscando padrões, está em busca de algo mais.
Agradecimentos aos organizadores do evento, em especial à Ligia Dantas, membro do IPLA.
(sinopse de Letícia Genesini)
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