Criatividade na escola: uma realização possível? 05/05/2016

Por Lilian Mattos

Crianças precisam de tempos e espaços para descobrirem o mundo e descobrirem-se no mundo através de múltiplas linguagens, do brincar e da valorização de suas potencialidades.

A criança é. É curiosa, investigativa, criativa, imaginativa. Transforma tampinhas de garrafa em aviões; gravetos, terra e água servem para construir pontes; um pequeno pedaço de tecido e … lá vem o Batman. A criança é sujeito.

Desde a mais tenra idade, as crianças exploram o ambiente em busca de suportes e materiais para suas aventuras. Brincam e brincando constroem hipóteses acerca dos objetos do mundo e de outros mundos. Realizam escolhas. É, já sabem o que querem!

Há as que se interessam por jogos, outras por diferentes tipos de formas, cores e texturas e ainda as que apreciam os animais, a natureza e o mundo minúsculo. Umas olham para o céu, outras para terra.

Nessa perspectiva os tempos e espaços da escola precisam privilegiar as vivências, interações e experiências que sejam significativas para as crianças, a partir da escuta de seus interesses, curiosidades e desejos. Para isso é imprescindível um educador atento, comprometido e ético, que realize as intervenções necessárias para ampliar o repertório da criança.

A escola não pode mais se constituir num lugar de uma só voz e de um só saber. É urgente que repensemos seu papel e sua função, no sentido de romper com o caráter homogêneo próprio de sua estrutura.

Quais concepções de infância, currículo, avaliação, organização são necessárias para atender as crianças do século XXI? Como desenvolver processos que favoreçam a subjetividade e a singularidade de seus atores? A escola também pede análise.

“A criatividade nasce da diversidade” é o título da entrevista concedida à revista Veja pelo inglês Ken Robinson, consultor em educação, inovação e criatividade. Na sua análise afirma que o currículo escolar é limitado e segmentado, as provas buscam respostas únicas e o sistema educativo não foi desenvolvido para encorajar a criatividade.

Robinson cita o exemplo da escola High Tech High, na Califórnia, que possui um currículo baseado em projetos temáticos, no qual as diferentes áreas do conhecimento são abordadas num mesmo trabalho.

São as mesmas ideias que Ken Robinson apresenta numa TED conference, com 38 milhões de visualizações, o vídeo mais acessado na história da organização, revelando o interesse, o mal-estar e a inquietude em torno do tema Educação. Como afirma Jorge Forbes, em Psicanálise –  a clínica do real, “Quando não existe mais estrada, há uma oportunidade maravilhosa: que a pessoa a invente”.

Psiu! As crianças estão brincando. Façamos silêncio.

Lilian Cristina Costa Mattos é Pedagoga, Diretora do Centro Educação Infantil e Membro do Corpo de Formação do IPLA.

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