Sábados no IPLA – 26 de abril – Curso em 5 aulas
A psicanálise nasceu de uma pesquisa do corpo. Sigmund Freud estudava as lesões neuroanatômicas advindas das alterações psíquicas quando se deparou com o fato de que a anatomia dessas alterações não correspondia à anatomia biológica da qual era especialista. Verificou que há dois corpos. Um corpo biológico e um corpo sensível, psicanalítico. Heidegger chama atenção que em alemão temos duas palavras para designar o corpo: Körper (corpo material) e Leib (corpo sensível). Em seus seminários ditados em Zollikon, o filósofo afirma que “as lágrimas nunca podem ser medidas. Quando se mede, medem-se na melhor das hipóteses um líquido e suas gotas, mas não lágrimas”. Heidegger coloca a questão sobre o limite do corpo. Em termos do corpo biológico, o limite é a pele, mas do corpo sensível, o limite fica mais afastado. Este autor cria o verbo corporar: o corporar do corpo.
Assim, corpo em psicanálise vai além dos limites do corpo biológico. É fácil notar como nos embaralhamos com o nosso próprio corpo. “Levei um tombo.” “Me cortei.” “Caí doente.” As sensações corporais são sensações afetivas: “Pisei no tomate.” “Levei uma rasteira.” “Fiquei roxa de vergonha.” “Me subiu um calor!” “Você está feliz, está na cara.”
Esta distinção entre Körper e Leib é ainda mais evidente em nossos dias. A manipulação que fazemos de nossos corpos são bom exemplo: preenchimentos com silicone, tatuagens, corpo bombado. Cirurgias para rejuvenescer, para emagrecer, para mudar de sexo, para aumentar os peitos, para diminuí-los, tirar as rugas ou implantar cabelos. O tornar-se jovem pode ser mais sofrido do que envelhecer.
A pesquisa de Sigmund Freud, que preferiu estudar o corpo – Leib, foi continuada por Jacques Lacan, para quem o corpo resiste a catalogações universais. Trata-se para ele de um corpo que implica responsabilidade sexual, um corpo que não se presta ao sentido, mas que ressoa. É a responsabilidade pelo inconsciente, pelo excesso, pela singularidade. O corpo é o local do silêncio da palavra e o analista deve ser capaz de tocar esse silêncio. A orientação lacaniana destaca-se pela responsabilização que ela opera face à decisão.
Dedicaremos este Sábado no IPLA para percorrer as pesquisas de Freud, a maneira de atuação histérica de um corpo que fala e que é passível de ser interpretado, o confronto entre Körper e Leib, a problemática do corpo em Lacan e seu lugar na pós-modernidade como curto-circuito da palavra, que exige do analista uma nova forma de exercício clínico.
Em Sábados no IPLA, no dia 26 de abril, estas e outras questões serão discutidas em cinco aulas.
Corpo e Responsabilidade Sexual em Freud e em Lacan
Data: 26 de abril de 2014
Local: IPLA, Rua Augusta, 2366 – Casa 2, São Paulo
Telefones: (11) 3061-0947 e (11) 3081-6346
Valor: R$ 180,00. Alunos do IPLA e estudantes até 25 anos têm desconto de 20%.
Vagas limitadas. É necessário haver um número mínimo de inscrições para a realização do evento.
Orientação científica: Jorge Forbes
Coordenação: Elza Macedo