Por Lara Lise de Almeida
Na nova economia compartilhada não é preciso mais ter um objeto para beneficiar-se dele. Carros, vagas, bicicletas, almoços, caronas personalizadas e casas são compartilhados
O conflito está nas ruas. Por um lado, estão os motoristas que se fazem valer do Uber. Conectados em rede não abrem mão de sua liberdade de oferecer transportes “top de linha” a consumidores igualmente conectados no aplicativo. Por outro lado, há os taxistas tradicionais irados com a novidade. Pagam taxas, impostos, licenças e veem seu ganha pão ameaçado pelos newcomers tecnológicos.
Fruto das inovações da tecnologia da informação, a economia compartilhada surgiu revolucionando a relação entre fornecedor e consumidor. Antigamente, o mercado oferecia seus bens e serviços para um consumidor que os aceitava ou não. Essa era a lógica de uma sociedade vertical, ”orientada no pai”, como diria Jorge Forbes. Essa sociedade tinha a lógica do “eu te ofereço, você aceita, se quiser”. Já numa lógica mais direta e horizontal, da sociedade pós-moderna conectada em rede isso não funciona mais assim. O consumidor não dá mais importância para mediadores tradicionais de serviços que subestimavam, muitas vezes, sua capacidade de escolha oferecendo serviços mal executados e caros. Hoje, procura a rede de recomendações postadas na internet. O novo consumidor entra no mercado com poder. Suas “resenhas” em rede fazem o sucesso do serviço utilizado.
Na nova economia compartilhada não é preciso mais ter um objeto para beneficiar-se dele. Carros, vagas, bicicletas, almoços, caronas personalizadas e casas são compartilhados. Principalmente o car sharing , o compartilhamento de carros, faz muito sucesso. Nos Estados Unidos, 15,6 mil carros foram compartilhados em 2013. A rede permite a posse em comum, assim como permite a liberdade compartilhada, tratada recentemente nessa Newsletter. Os consumidores raras vezes se conhecem. No entanto, estão ligados, também nas relações de consumo, numa espécie de “monólogo articulado” como diria Jorge Forbes para designar o que acontece nas redes sociais.
Todavia, essas mudanças vêm incomodando, e muito, os que fazem negócios à moda antiga. O Uber, aplicativo que disponibiliza motoristas para transporte de passageiros, vem fazendo a diferença num quadro crítico de corridas de táxis comuns, dada a baixa qualidade do serviço oferecido por estes. A necessidade de inovação é tal, que o aplicativo, lançado em 2010, já funciona em 60 países. Porém, alguns taxistas – como Ludditas que, no século 18, destruíam máquinas para impedir o avanço da revolução industrial – já partiram para a ignorância, agredindo motoristas e destruindo carros que rodam com o aplicativo. Querem a proibição do aplicativo por lei. Outros taxistas, mais antenados, já atraem seus clientes por aplicativos que seduzem com descontos. De quebra, o novo modelo de compartilhamento via internet impulsiona, assim, a melhoria dos serviços prestados e oferecidos até hoje.
Até empresas tradicionais incorporaram positivamente a nova lógica. A indústria de carros Mercedes-Benz está hoje disponibilizando autos para aluguel. Para oferecer o novo serviço criou um slogan: “Compartilhar é o novo possuir”.
Lara Lise de Almeida é estudante de curso pré-vestibular
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