Por Claudia Lopes
O ano novo começou e está aí para ser conquistado
Espreguiço-me diante da janela e reluto em encarar o novo. O novo que ninguém sabe aonde vai dar. Por mais visitas a cartomantes, consulta a horóscopos e cálculos feitos e planejados, haverá sempre algo que me escapará. Certamente, virão dificuldades que não estavam no script desse rearranjo, e, inicialmente, elas poderão não cair tão bem na própria pele. É que dá trabalho. Muito. Com a coragem que me sobra, sigo os primeiros passos com tropeços e, aos poucos, com mais desenvoltura vou tomando gosto pelo meu caminhar – e aí, descubro que seguir a minha maneira é poder deixar a minha marca no mundo e a marca do mundo em mim. Vou encorpando e, quando dou por mim, criei meu nome próprio, não aquele dado por meus pais, mas aquele conquistado, suado. Esse gostinho é apenas para aqueles que tiveram a coragem de enfrentar o seu íntimo. Quanto a isso, é preciso alertar que o desejo também porta abismos. Já dizia Guimarães Rosa: “Viver é muito perigoso… Porque aprender a viver é que é o viver mesmo… Travessia perigosa, mas é da vida. Sertão que se alteia e se abaixa… O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra.”
Assim, sair das escolhas prévias feitas pelo social e cair na própria pele é o que há de melhor. Então caia eu, caias tu, e caiba na VIDA. O resto nós podemos deixar para depois, quem sabe, até para o ano que vem.
Claudia Lopes é Psicóloga, Mestranda em Psicologia Social e Professora da Residência da Fundação ABC de Medicina.