“Achados Acidentais: Nota Prévia” 29/05/2014

Por Maria da Glória Vianna

A clínica psicanalítica é a clínica dos “achados acidentais”

Como nós, psicanalistas, podemos nos posicionar frente aos “achados acidentais”, (incidental findings), resultados e achados clínicos que o médico não estava procurando ao fazer algum tipo de exame? Convocados por esse questionamento, feito pela Dra. Mayana Zatz, durante uma reunião da Clínica de Psicanálise do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP/IPLA, começamos uma investigação acerca dos aspectos éticos envolvidos em comunicar um “achado acidental” a quem nada pediu. A questão de como lidar com o fato de se pesquisar uma alteração e achar acidentalmente outra, muitas vezes mais importante do que aquela que, inicialmente, se buscava, vem mobilizando médicos, geneticistas e pesquisadores no mundo inteiro.

O tema interessa muito à psicanálise, já que a clínica psicanalítica é a dos “achados acidentais” (sonhos, atos falhos e chistes são inesperados, por natureza). Como aos analistas essa conduta não é absolutamente estranha à sua prática, entendemos que, em parceria com a genética, temos muito que dizer.


Maria da Glória Vianna é psicanalista, mestre em linguística e membro do Corpo de Formação do IPLA