A falta que nos constitui 31/07/2014

Por Nati Canto

A exposição cria uma atmosfera intimista aproximando China e Brasil, países emergentes construídos sobre bases contraditórias

Onde o lindo e o horrível coabitam quase voluptuosamente. O lugar é a China, é o Brasil. A quem quiser se deixar tocar pelas obras que pretendem expressar essas contradições que marcam os dois países, quero convidar para minha primeira exposição individual na galeria Zipper, com a curadoria de Denise Gadelha, a partir de 5 de agosto de 2014.

Resultado de uma residência artística em Xangai, tenho a intenção de apresentar a leitura de um país cheio de incongruências, onde o papel da coletividade talha a população, ser não é verbo e ter é égide, abrigo e sustentação.

A falta que nos constitui pretende criar nas instalações, na vídeo-performance e nas fotografias uma atmosfera intimista. Quer tocar o visitante aproximando a China do Brasil, ambos países emergentes construídos sobre bases contraditórias. Assim, a alternância conteúdo-forma e matéria-forma norteiam a pesquisa, movimentos de escolhas conscientes e inconscientes resultam em objetos-arte.

Na exposição, processos de baixa qualidade e processos sofisticados são intercalados com o intuito de refletir incongruências e contradições que perpassam em muitas camadas, tanto a cultura brasileira quanto a chinesa. As fotografias que participam da exposição são propositalmente de má resolução, impressas em papel arroz de melhor qualidade no mercado global, numa das piores gráficas locais chinesas, emolduradas por um grande artesão brasileiro.

A exposição é um convite ao sensível, ao que merece ser olhado. Cabe ao visitante aceitar.

Nati Canto é artista plástica. Dentre suas realizações, destaca-se a participação na Residência Artística Beijing International Artist Platform – BIAP, Platform China Contemporary Art Institute, Pequim, China, em 2012.